quarta-feira, 16 de maio de 2007

Se eu disser o que penso, tu dás-me o que quero?!

Muitas vezes durante a adolescência, as pessoas comentem o erro de acharem que podem dizer tudo em nome da tão afamada honestidade ou sinceridade. Á conta dessa brincadeira, muitas relações já acabaram e muitas pessoas já ficaram “magoadas comigo para sempre”. Isto tudo porque a sinceridade é normalmente uma “insensatez” a que as pessoas não estão habituadas.
Um pequeno monstro de duas caras, que toda gente supostamente acha bem, mas que na hora de dizer se teme e na hora de ouvir ninguém gosta!

É de facto é uma coisa (ainda mais) inesperada, quando vem de seres (diga-se homens) que são especialistas em dizerem tudo o que estiver ao seu alcance para nos levarem a fazer aquilo que eles querem! Sim, quem já não ouviu frases do género: “Eu juro que gosto de ti, agora podemos ir para cama?”. Estes amigos apelam a Deus e ao Diabo sem pudores, desde que eles tenham aquilo que querem, uma boa e grande noite, para contarem aos amigos!
Não digo porem (e não defendendo os homens) que muitas mulheres não se deixem enganar. Há situações óbvias de que eles só querem mesmo uma noite com tudo o que tem direito, e nós ou assumimos que queremos também ou não vale a pena vir depois dizer que não sabíamos e que estávamos tão apaixonadas, quando estava evidente, claro como a água o que se estava a passar.
Mas voltando à questão da sinceridade, aquela que eu falo aqui não é a do “essas calças não te ficam bem”, que dizemos entre amigas (e que mesmo assim nem toda gente gosta). É aquela sinceridade que magoa na hora mas que evita muitos imprevistos futuros, é aquela coisa do “Não gosto de ti, isto não vai a lugar nenhum. Mas podemos estar juntos à mesma”.
Como é que se reage a uma coisa tão estranha? Não é suposto os homens dizerem isto! Estamos sempre alerta para as mentiras, mas não estamos preparadas para tamanha sinceridade, não estamos preparadas para que eles digam exactamente aquilo que pensam, apesar de o estarmos sempre a pedir!

Chegamos agora ao centro da questão, pedimos sinceridade mas não aguentamos com ela. Estamo-nos sempre a queixar que eles nos enganam e não dizem a verdade, que são uns mentirosos cobardes sem coração (sim, sim eu já ouvi isto) mas quando eles dizem é desconcertante, principalmente quando eles dizem coisas que preferíamos não ouvir.
Vamos imaginar alguns cenários a título de exemplo:
1.“Desculpa, não quero andar contigo porque a tua melhor amiga é muito boa e eu acho que tenho hipóteses com ela, mas se tu não importares damos umas voltinhas à mesma”;
2.”O que eu quero mesmo é só uma noite e já agora não contes a ninguém por favor, é que não és assim tão gira e os meus amigos vão gozar comigo”;
3.“Nao quero ir tomar café, ir ao cinema ou sair contigo, quero mesmo é ir para a cama hoje e agora. Amanha?! Hum…amanha logo se vê, mas acho que não!”.
Parece duro não parece? Mas eles apenas estão a dizer o que pensam, sem nos enganarem. Nós (mais uma vez) só temos de decidir se enfrentamos a situação e aceitamos porque queremos o mesmo ou se os mandamos pastar directo e sem hipóteses.

Contudo, acho que a sinceridade é uma coisa à qual nos habituamos, é complicado gerir a principio, é chocante pensar como é que alguém tem o descaramento de nos dizer na cara certas coisas, mas leva-nos a uma relação sem subterfúgios, sem indirectas directas, sem meias palavras, sem insinuações, sem enganos – “está aqui e é isto” – e não quer dizer que no futuro não possa passar a amor e a meter nojo como todos os outros, só começa de maneira diferente (não por amor a primeira vista, como já foi referido anteriormente!).
As vantagens são evidentes, se eles dizem, nós também podemos dizer e isso torna as coisas francas, livres e abertas, a verdade dá calma e faz com que deixemos as perguntas típicas (e irritantes de tão banais) do: ” Afinal o que é que ele quer? Porque que é que isto não dá?”, mas principalmente evita os erros clássicos de achar que eles querem praticamente casar connosco e que estão perdidos de apaixonados quando eles só nos querem saltar para cima.

Claro que as opiniões neste caso divergem. Depois de perguntar a algumas pessoas, conclui que há muitas mulheres que preferem não saber, preferem o silêncio, preferem que eles não digam nada a que digam coisas tão horríveis e horripilantes como a verdade. Posso quase concluir que preferem enganar-se e depois fazerem-se de vítimas em vez de perguntarem na lata e aguentarem a resposta (como já foi dito neste blog, ou é ou não é, sem enganos). No entanto, como diz um velho ditado popular “a ignorância é felicidade”, mas felicidade durante quanto tempo?

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Os Pais

Há uma fase em qualquer relacionamento que me mete mais nojo do que qualquer outra: o apresentar aos pais.
Não consigo explicar muito bem o sentimento que me invade quando aparece aquela célebre frase: “está na hora de conheceres os meus pais”. NÃOOOO!!! Dá-me uma enorme vontade de desatar a correr e atirar-me da primeira janela que encontrar!
Bem, lá fazemos um esforço para conhecer o sogro, a sogra, o cunhado, o cão etc. Esboçamos o mais cínico dos sorrisos, desdobramo-nos em formalidades de modo a causar a melhor das impressões. São duas horas de puro sofrimento que, normalmente, corresponde ao tempo que dura uma refeição.
Mas, eis que senão, quando a meio do jantar, a nossa futura-sogra e o nosso futuro-sogro desatam a fazer-nos perguntas sobre o curso? (que está mais que atrasado, feito no intervalo de festas e bezanas), projectos futuros? (hmmm, assim de repente, ir a casa de banho vomitar, quando acabar esta conversa), sobre o que achamos sobre a OTA (ah? Organização do Terrorismo Alemão? Eu por mim, acho bem.), se não queremos mais favas com chouriço? (que, POR ACASO, é só a comida que mais odiamos), se gostamos do nome de Alberto para o nosso filho (oh sim, por favor! Porque não Jesualdo?), etc etc etc..
O jantar termina.
E.. o que vem depois de um simples jantar? Portanto, a seguir a um SIMPLES jantar vem: Os anos do/a namorado/a! O Natal! A Páscoa! E, de repente, TUDO passa a ser motivo para os sogros ingressarem no relacionamento! TUDO!!!!
Alguém que me explique qual o interesse de tornar os pais uma peça do relacionamento?!?! Será que é para quando o namoro der para o torto, a parte que quer pôr um fim, se sentir culpabilizada pois, às paginas tantas, já as famílias se conhecem todas, trocam prendas no Natal, mandam tomates, batatas e chouriços (lá da terra) uma à outra, telefonam-se a desejar uma Páscoa Feliz, entre outras coisas igualmente nojentas.
Tenham juízo! Não há necessidade de juntar famílias, acasalar os cães, brincar com os primos do nosso namorado, trazer uma torre Eiffel em miniatura de Paris para dar ao nosso sogro que é obcecado por França nem uma medalhinha com a cara do papa Ratzinger, para a nossa sogra de Roma.
HOJE, aqueles podem ser os nossos futuros-sogros! Mas, AMANHA, podem não ser! Só se apresenta a mãe e o pai a/ao nossa/o namorada/o quando é, NO MÍNIMO, para casar.